segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Análise: Okami (Wii)



Okami é um jogo que infelizmente passou despercebido no PS2. Embora a crítica tenha sido quase unânime em salientar as diversas qualidades do jogo, principalmente seu visual, o jogo vendeu uma miséria. Talvez porque o jogo tenha sido lançado durante uma época onde não se falava de outra coisa a não ser do Nintendo Wii. E, claro, quando o jogo saiu muita gente se perguntou: por que a Capcom não lançou esse jogo pro novo videogame da Nintendo?

Mais um pouco de história

Existem duas suposições sobre esse fato: a primeira é que a Capcom estava receosa se o hype em cima do Wii ia realmente corresponder a um sucesso de vendas. Hoje vemos claramente que sim, mas na época a grande maioria das empresas não tinha coragem de embarcar nessa fragata.

A outra razão foi o desentendimento entre a Big N e a Capcom pelo fato de Resident Evil 4, prometido como exclusivo pro Gamecube, ter saído também para o Playstation 2.

Dizem as más línguas que essa briguinha foi o motivo de não ter nenhum personagem da Capcom no Super Smash Bros Brawl. Enfim, momento Leão Lobo acabado, a Capcom percebeu o potencial de jogabilidade (e principalmente de vendas) do Wii ao lançar sua versão de RE 4 para o console, com alto grau de sucesso. Então, se Resident Evil fez sucesso, por que não trabalhar no jogo que foi feito pro Wii, mas saiu por engano no Play 2?

Nem tudo são Sakuras…

Pois bem, nesse meio tempo, o Clover Studios saiu da Capcom e mudou de nome, então ficou a cargo de uma outra empresa adaptar Okami para o Wii, a Ready at Dawn. E após algumas horas de jogo, posso dizer que há boas notícias, mas a adaptação ficou bem aquém do esperado.

Graficamente falando, houve um avanço em relação à versão de PS2. Os principais são o suporte à resolução 480p e também a imagem em Widescreen. O jogo, na época do lançamento deixou todo mundo boquiaberto pelo belíssimo trabalho de arte, misturando cel-shading com Ukyo-E e traços fortes de nanquim.

Mas hoje, quase dois anos de seu lançamento, o visual não causa mais o mesmo impacto. Se você deixar a tela completamente parada, vai ver uns borrões na Amaterasu que são bem brochantes. Os cenários, apesar de lindos e amplos, possuem uma visibilidade restrita. Geralmente a câmera do jogo vai mostrar apenas alguns pedaços pra não dar aquele efeito horrendo de bump-maping.

O som do jogo segue a linha da versão PS2, sem nenhuma novidade. Dessa vez o ponto negativo fica pras vozes dos personagens. Um enredo tão incrível e cheio de diálogos como o de Okami merecia um trabalho melhor do que aqueles irritantes “Ah-uh-uh-oh-ah”, que parecem ter saído da antiga abertura do Fantástico. Mas a trilha sonora é excelente, com músicas tipicamente orientais, e nas partes de combate um pouco mais agitadas.

Pincelando com o Wiimote

Falando na jogabilidade, eis que chegamos ao ponto crítico. No PS2, o jogo é impecável nesse quesito, respondendo muito bem a seus comandos. Um dos pontos principais da mesma é o fato de Amaterasu ter um pincel celestial, que é usado para resolver vários puzzles, além de servir como arma nos combates. Na versão PS2, os desenhos eram bem precisos, e raramente você errava os mesmos. Infelizmente, na versão Wii não podemos dizer o mesmo.

O primeiro poder que você aprende, um simples traço horizontal usado para cortar árvores e inimigos, não responde mais da metade das vezes. É frustrante ver um sistema que se encaixaria perfeitamente no conceito do Wii ser tão mal adaptado, gerando frustração a quem jogar.

O sistema de esquiva sofre do mesmo problema. Nele você tem que segurar o C e mexer o nunchuk na direção que deseja esquivar. Mas, se você conseguir realizar a esquiva pra direção certa uma vez a cada 100, vou te considerar um mestre do nunchuk.
Em resumo, todos os comandos da jogabilidade ficaram muito ruins, até o controle manual da câmera é sofrível.

Resumo do Kabuki

Okami tinha tudo para se tornar um novo Zelda no Wii. Infelizmente o jogo tem muito mais erros do que acertos, e apesar do enredo maravilhoso, e da direção de arte de babar, o resto joga o jogo pra baixo, deixando o resultado final mediano. Meu conselho: aluguem antes de comprar. Infelizmente não vai ser todo mundo que vai conseguir ignorar os vários problemas para acompanhar o enredo do jogo.

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